Tuesday, January 30, 2007

E ela se chamava

Os cabelos continuavam os mesmos. Foi a primeira coisa que notou. Os cabelos e as botas. De couro. Vermelho. Todo o resto era diferente. A boca era diferente. Os ossinhos da clavícula. O tumor. Agora se chamava Carlos Alfonso, 39, não duraria. E como poderia? Já teve maiores. Mais velhos. Alguns malignos. Conhecia-a. Bem. Demais, até. Falamos sobre coisas sérias (fez careta) e tirei doce da criança. Smoothly. O pobre diabo era eu. Tudo. O barulhinho do salto alto datilografando o chão. Tec tec tec, tec. Tudo era diferente. O rebolado. Do rabo. Do cabelo (que era igual). Tinha os dois pés no chão. E pouco tempo fez, também duas mãos. Do rebolado. O rabo. Quarto 205. Pelo cabelo. O nome dela é Maria. Prazer, Maria.

4 comments:

Guilherme Martins da Costa said...

Fiquei imaginando você recitando isso, monólogo? teatro?, com a luz na cara e o fundo escuro.

Carolina Pavanelli said...

adoro sua perturbada imaginação fértil.

Anonymous said...

hard! ou hard-on?
Adorei.

Anonymous said...

acabou de rolar um sarau aqui em casa, comigo declamando essa chonga (aos prantos de buniteza - julius) pra wallace e thais embevecidos.