Friday, October 13, 2006

The strange case of Dr. Gahlinger and Mr. High

Parto normal? Give my vagina a break.

Paul Gahlinger disse quase tudo. Médico e escritor, publicou, em 2003, Illegal Drugs, um livro em que defende o uso de drogas para doentes que lidem com dores de intensidade semelhante a sessões de karaokê com Cindy Lauper cantando Ron Coby. Dia. Após. Dia. O que, a priori, permitiria a pacientes sem histórico masô se aliviarem curtindo um teco ou esbofeteando a pantera. Em suma: pariu? Pelo cu? Segundo o doutor, qualquer mulher à beira de um ataque de fetos pode, com uma justa dose de LSD, deixar de se sentir como Maria Antonieta de Las Nieves dando à luz toda uma equipe da NBA.

Fair enough? Tudo indica que sim. Muitas drogas de hoje já foram o remédio de ontem. Para endossar a premissa-mor de seu livro (a qual eu apóio com o mesmo fervor de um garoto de treze anos que vai à banca da esquina comprar sua primeira edição de Evil Tits), Gahlinger lembra que a proibição das drogas, antes de ser uma máxima científica, é baseada na tradição. Para qualquer pessoa mais esclarecida, afirmar isso é quase senso comum (que já se desconfia ser meio chapado anyway).

Até porque parece simples. E é mesmo. Para alguns séculos e outras tantas culturas, se o que o paciente precisasse para suavizar seu sofrimento era a mala-de-mão de Ozzy Osbourne , era isso o que ele conseguiria. Na era da Guerra Contra as Drogas, tudo mudou. Pra pior. Pois bem: imagine-se feliz. Chegue em casa, coma sua esposa e beije seu filho antes de dormir. Agora, adicione um câncer. Retal. Suas mãos tremem e não é da emoção em espiar sua vizinha fazendo ioga. Meses de hospital, DOR e gelatina. E quer saber? Comprimidos em tamanhos correspondentes a cada um dos Jackson Five não o farão se sentir fa fa fa far better, apesar do que a enfermeira gostosinha de E.R. ensinou pra você.

É complicado. Claro que é. Drogas podem ser legais no sentido “ei, vovô é gay!”, mas não no que concerne à lei. Há quem diga mais: a princípio, não há como impedir que uma reles enxaqueca faça com que o Natal chegue mais cedo na casa do Pete Doherty que existe dentro de cada um de nós. Você pode até falar, “ok, isso é aceitável”. Mas classificaria o leitor de “aceitável” uma performance de Fagner em collant e aramaico? Na verdade, o pensamento é simples: defina: dor. É complicado. Claro que é. Para um canceroso, por exemplo, não é uma questão de “se sentir dor”, mas de “quando sentir dor” – e isso é o tempo todo.

Acontece que, para algumas pessoas (e inclua nesse grupo “todas elas”), nem sempre essa enfermidade é sinônimo de um glioblastoma multiforme de grau IV pressionando seu cérebro a confundir sua mulher com um chapéu. Tio Schops que o diga: viver dá câncer. Como um todo. Empresários gordões à espera de massagistas suecas estapeando sua bunda flácida ao som de um hit qualquer da Enya dá câncer. Faustão dá câncer. Moral dá câncer. Sofia Coppola dá câncer. Fuder dá câncer. Câncer e sífilis. Tudo é relativo. Ou não.

Pois é precisamente aí que entra a tal da jurisprudência. Na hora de mandar para o saco uma retórica mais usada que sabonete de prisão pela indústria farmacêutica - controlada por poucos e porcos filhos da puta mais preocupados em inventar doenças novas e exóticas para embocar na população via supositório publicitário - o famoso “pau no cu do consumidor”. Se o argumento máximo para combater a legalização das drogas no caso de doenças é o de ser muitas vezes impossível saber se alguém não está sendo verdadeiro a respeito da sua condição apenas para facilitar seu acesso a substâncias ilícitas, ponho em pauta um ponto ainda mais válido ao meu ver: num mundo como o nosso, a sobriedade não é terminante: é terminal. Algumas coisas não entram na minha cabeça. Drogas, felizmente, não é uma delas.

7 comments:

Anonymous said...

Uau! Se alguém do ph ver, tá fudida, hehe!

Anonymous said...

hahaha, foda!

Anonymous said...

run run run ruuuuuun (run run run away!)

;p

Anonymous said...

Como assim se alguém tá comprando ingresso pro tv on the radio?? ou me vende ou não brinca com isso :p

Ricardo Senra said...
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Ricardo Senra said...

Carol disse...
Uau! Se alguém do ph ver, tá fudida, hehe!

10:39 PM


idem, carolzita.

caroline g. said...

ae, então lsd pra jérau porque fucô disse que foi a melhor experiência da vida dele!